23 de julho de 2013
Por Nizan Guanaes, publicado originalmente na Folha de S. Paulo.
Por Nizan Guanaes, publicado originalmente na Folha de S. Paulo.
Tenho lutado continuamente para me reinventar e reinventar o meu negócio. Fiz um grupo de comunicação justamente porque tinha e tenho consciência de que às vezes a melhor campanha de publicidade é um bom plano de relações públicas. Ou um trabalho de marketing direto. Ou uma ação digital.
Em tese, todos concordam com isso. Mas colocar isso em prática é como fazer dieta. Dificílimo.
Eu não corro duas horas por dia porque eu amo. Mas porque preciso disso para ter pique e ter bom sono.
As pessoas ferem suas empresas brigando com o novo. E querendo ter razão.
Eu não quero ter razão, eu quero ter sucesso. Cerco-me de mentes jovens que sabem mexer, fazer e ver coisas que eu não sei. Mas também adoro gente de cabelo branco.
Sou uma pessoa que adora falar. Mas eu também adoro ouvir. Não tenho medo de voltar atrás, de desdizer e desfazer em segundos a bobagem que eu fiz. É melhor aprender com os erros dos outros. Mas, se você errar, erre logo e corrija mais rápido ainda.
Faço parte de uma equipe digital que tem produzido alguns dos trabalhos mais "likados" do mundo digital do Brasil. Mas não adianta olhar só para o novo em busca do novo. Velhos elementos funcionam muito bem em novos tempos.
A roda e a alavanca não perderam sua utilidade séculos e séculos depois de descobertas. Elas ainda oferecem muitas soluções para o mundo de hoje e o mundo de amanhã.
Adoro criar para o rádio, um meio burramente desprezado por muitos hoje em dia. E acabo de comprar de uma só vez mais de 500 páginas de anúncio para um cliente porque mídia impressa é uma grande oportunidade, com uma grande (relação com sua) audiência. Tem coisas que só existem no papel. Assim como tem coisas que só existem na internet.
Estamos naquele momento Santiago de Compostela. Foco no essencial. Escolha um cajado, leve o mínimo possível e, acima de tudo, cuidado para não molhar os pés e não criar bolhas.
Se você me perguntar o que eu estou fazendo neste momento pela minha empresa, eu respondo prontamente: controle de custos e muito exercício. Eles não melhoram a realidade, mas a percepção.
No fim do dia, vou novamente à academia Bodytech me exercitar. Grandes empreendedores que conheço fazem atividade física intensa, e hoje, para mim, é fácil entendê-los. Ajuda a despertar, a dormir e a sonhar. E, quando a realidade está difícil, o melhor caminho é sonhar.
Como disse lindamente o mestre Oscar Niemeyer: a linha reta não sonha.
Pois é o sonho do chinês que sustenta o desenvolvimento chinês. Sua aspiração pessoal conectou-se de alguma forma à aspiração nacional. É o sonho americano que inspira o sonho do americano. O Brasil ainda não sonha assim. No futebol, talvez. É um caminho. Temos orgulho daquela camisa amarela. A força que projetamos nela, sentimos em nós. Entramos em campo para ganhar. Precisamos construir esse sonho grande e essa força para o país. O povo nas ruas caminha por isso e para isso.
A nova classe média não ia mesmo ficar parada. Ela sonha ascender mais e prover mais para si, para seus filhos e para seus netos. Seu movimento é impossível de ser detido e empurra o país.
Antes a brasileira tinha cinco filhos em média, e a maioria mal frequentava a escola. Hoje ela tem em média menos de dois filhos, que estão na escola e com probabilidade cada vez maior de chegar à universidade. Formarão uma geração muito diferente e muito mais preparada do que os seus pais para exercer e cobrar a cidadania econômica e social.
Por isso, e para isso, nós precisamos dar o próximo passo, superar as próximas barreiras. Elas ficam cada vez maiores à medida que se avança. Mas nós também crescemos.
Philippe Starck me disse certa vez que todas as vezes que ele tem um problema para resolver ele dorme. Dormindo, ele se sente uma impressora de ideias. Não é uma imagem genial?
Está difícil dormir? Vamos sonhar.
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